quinta-feira, julho 27, 2006

O TEATRO DA VIDA


"No final de contas, a vida não é mais do que uma peça teatral. Ou uma ópera. Seria mais fácil para nós todos se pudéssemos somente assistir às partes mais interessantes. Mas, em vez disso, temos de suportar os meandros tortuosos da intriga e os excruciantes momentos de emoção. Sentados na penumbra, somos alvo de vagas ameaças. É evidente que podemos levantar-nos e sair, mas os actores não têm escolha. E logo que a cortina sobe, têm de desempenhar os seus papéis do principio ao fim. Não há nenhum sítio onde se possam esconder."

Adeus, Minha Concubina, Lilian Lee

quinta-feira, julho 20, 2006

Mais um dia!


Mais um dia passado, mais um dia que agora não é mais do que uma recordação.
Os dias passam, e por muito importantes que sejam, não há maneira de os tornarmos eternos. Podemos torná-lo inesquecíveis, mas nunca eternos.
Não será injusto?! tanto que nos esforçamos para dar significado a um único dia da nossa vida e depois...depois simplesmente se evapora à nossa frente...
No entanto há dias em que aquilo que fazemos se torna eterno...
Porque tem consequências. Consequências não só na nossa vida mas também na vida dos outros. E isso é o que mais nos custa...Essa eternidade infernal!
Mais um dia em que me sinto vazia!
Não por não ter nada (não posso ser ingrata ao ponto de desprezar tudo o que tenho), mas por não ter algo, algo que me torna incompleta, algo que nunca poderei ter; alguém.

quarta-feira, julho 19, 2006

Porquê?

Porque é o ser humano é tão egoísta?
Porque é q o amor é um sentimento tão egoísta e a paixão ainda mais?
Porque é que somos capazes de uma forma tão hipócrita dizer que adoramos alguém enquanto que apenas a desprezamos?
Porque é somos capazes de fazer sofrer alguém da forma mais desprezível?
Poruqe é que amamos alguém sem saber porquê? afinal de contas somos seres racionais...
Porqué que nunca esquecemos o passado?
Porque é que nunca esquecemos os que nos fazem sofrer, mas acabamos sempre por nos esquecer dos que gostam de nós?
Porque é que sofremos em silêncio?
Se alguém tiver resposta para estes porquês que são apenas alguns dos que me preenchem, agradecia que contribuissem para que me podesse completar...

O início do meu fim!

Um dia, em que não sabia como me expressar, nem a quem contar o que sentia, decidi escrever. Não sabia como, nem por onde começar. Sabia que tinha que escrever. Porque há coisas que não podemos contar a ninguém e nem nós próprios sabemos como expressar. Comecei a escrever, no fundo (e talvez até de uma forma egoísta), sobre a minha vida. Sobre momentos marcantes, pessoas marcantes, inesquecíveis; que de uma maneira ou outra (e muitas vezes sem saberem) nos marcaram...e nos marcaram para sempre, feliz ou infelizmente.
Hoje precisei. Precisei de partilhar o que sentia com alguém. Por isso decidi criar este blog. Porque há coisas que nem aos nossos melhores amigos podemos dizer. Precisamos apenas que alguém nos tente perceber, e nos oiça e critique de uma forma imparcial.

Bem o que se segue foi o que escrevi nesse dia em que senti necessidade de tal...Espero que o entendam da forma que melhor entenderem, da forma que mais se adeque as vossas vidas. Espero também que comentem, que comentem aquilo que conseguirem entender deste texto.

Como sempre, lá ia ele. No seu cavalo branco, veloz e em busca de algo. E como sempre também, passava por mim sem sequer reparar na minha presença. Eu continuava o meu caminho. O caminho para onde? Para o meu príncipe. Ainda não sabia quem era, como era, se também tinha ou não um cavalo branco, se também me procurava. Mas continuava a andar, a caminhar calmamente. Enquanto caminhava, observava, apreciava a paisagem. Colhia flores na primavera, sentia chuva a cair no meu corpo no Inverno, enfrentava o sol no Verão. Via também passar os restantes príncipes. Alguns reparavam em mim; abrandavam, sorriam-me. Outros simplesmente continuavam o seu caminho, ignorando-me. Eu também os ignorava.
Menos ele. Ele já havia passado por mim muitas vezes, eu já o tinha ignorado muitas vezes. Até ao dia em que, por falta de príncipes que apreciar, decidi observá-lo com mais atenção. Foi inevitável. O sorriso no rosto esboçou-se sem eu mandar. Senti o meu olhar iluminar-se perante a sua figura; imponente, seguro de si, no seu cavalo branco. Um dia e mais outro, e ele voltava a passar por mim, e eu voltava a apreciá-lo, admirá-lo, sempre à distância.
Comecei a habituar-me às suas passagens. A minha admiração foi ganhando cada vez uma maior intensidade, cada vez um maior significado. O meu coração disparava cada vez sentia a sua aproximação. Ele, sempre sorridente para com as princesas mais belas por quem passava, sempre acenando na espera de uma resposta. Elas, receptivas e elogiadas com o aceno, sorriam-lhe. Mas, sem eu entender porquê, nunca me acenou, nunca desviou o olhar do seu caminho quando passava para mim.
Comecei a habituar-me a isso. Afinal, era apenas mais um príncipe em busca da sua princesa. Como eu em busca do meu príncipe.
Um dia, sem que eu esperasse, ele aproximou-se. O meu coração disparou, sorri emocionada para ele enquanto dava de beber a minha água a uma das minhas amigas princesas caminhantes. Aproximou- -se de nós:
-Menina, – disse dirigindo-se para a outra princesa – podes me dar um pouco da tua água?
- Esta água pertence a esta outra princesa – disse ela ansiando pela resposta daquele que sabia ser importante para mim.
- Dás-me um pouco da tua água?
- Dou, dou! – Respondi sorridente.
Matou a sua sede com a minha água. Quando me devolvia o resto da água e eu ansiava para beber do mesmo sítio que ele, uma outra princesa que caminhava no sentido oposto ao nosso, retirou-me a água das mãos e bebeu. Sofri por dentro, mas sorri-lhe. Ela, por sua vez sorriu ao príncipe.
A tristeza começou a apoderar-se de mim. Já não conseguia ter alegria dentro de mim nos dias em que ele não passava. O meu sofrimento era tal, que deixei sequer de sorrir aos outros príncipes viajantes que me sorriam. Comecei a sentir uma solidão enorme dentro de mim.
Passaram-se dias e dias. E eu lá continuava na minha caminhada. Mas essa caminhada deixava de ter sentido. Queria parar, estava cansada. Se não podia ter aquele príncipe, se aquele não era o meu príncipe, para quê continuar a caminhar?! Quero-o! Quero-o tanto!
Acabei por me habituar à ideia. Afinal, não tinha outra hipótese.
Continuei a caminhar, a caminhar…até que cheguei a um cruzeiro em que tinha de optar entre a esquerda e a direita. Uma voz dentro de mim dizia-me que o meu objectivo ficaria mais perto do meu alcance se escolhe-se a esquerda. No entanto tive muitas dúvidas; e se o príncipe por quem me tinha apaixonado costumasse seguir pela direita? (sim porque a razão pela qual ele passava tantas vezes por mim era porque andava constantemente em círculos, visto não saber em que momento iria encontrar a sua princesa.)
Acabei por optar pela esquerda. Afinal era esse o meu destino, era o caminho que me levaria à felicidade. E se o caminho que o levaria a ele à felicidade fosse pela direita, então que assim fosse. Talvez um dia nos voltássemos a cruzar.
Segui o meu caminho. Por entre muitos cansaços, diversões, tropeços, corridas (já não aguentava continuar naquela lenta caminhada sem nunca mais encontrar meu príncipe, aquele que verdadeiramente me estava destinado). Vários outros príncipes passaram por mim. Uns acenavam-me, outros sorriam-me, outros até desviavam o olhar, ou deitavam-me um olhar deplorável. Voltei a ganhar coragem para lhes retribuir quer os sorrisos, quer os desvios de olhar.
Voltei a ter a atenção de outros príncipes, voltei a olhar para outros príncipes, aventurei-me em novos caminhos. Com o tempo ele já não fazia parte da minha vida, ou pelo menos já não me ocupava a cabeça.
Um dia começo a avistar ao longe um cavalo branco que me parecia familiar. Não havia cavalo que se igualasse àquele, com a sua imponência e velocidade. Era ele, novamente ele. Parece que iria voltar a fazer parte da minha vida. Até ele parecia surpreendido. Iríamos voltar a cruzar-nos. E eu sabia que não iria ser unicamente aquele dia, iriam ser muitas, muitas vezes.
Mas desta vez iria ser diferente. Já não era uma paixão presente na minha vida; era apenas uma paixão passada. Que recordava com um certo carinho até. Apesar de tudo recordava-o com o carinho suficiente para o continuar a contemplar cada vez que passava por mim.
Passou a cavalgar cada vez mais perto de mim, passou até a deixar de desviar o olhar. No entanto nem um sorriso, nem um aceno.
Outros príncipes me sorriam, outros príncipes me fizeram felizes. Ouve até um outro príncipe que eu pensei ser o MEU príncipe. Mas não. Mais uma vez desiludida, continuei o caminho; com muito custo é certo.
Ia a colher uma flor da primavera, a apreciá-la, a adorá-la, quando ele passou por mim mais uma vez naquele fim de tarde em que o sol se punha atrás do monte verdejante onde um castelo imperava, como em todos os contos de fadas. Mas desta vez, logo quando o vi ao longe, o meu coração começou a bater mais forte. Não, um sorriso não se esboçou na minha cara. Porquê? Porque tinha medo. Medo de voltar a sentir o seu olhar reprovador, medo de voltar a sentir-me cansada na minha caminhada, medo de ser voltar a ser olhada com compaixão pelas outras princesas a quem outros príncipes sorriam, medo de não ter coragem de retribuir os acenos de outros príncipes, medo.
Tentei controlar o meu coração, ao contrário da outra vez em que talvez o tenha talvez forçado a bater com mais força, por necessidade. Necessidade de ter a certeza que ele continuava lá.
Durante dias ainda consegui baixar o olhar quando ele passava. Mas tornou-se inevitável. Não tinha como controlar os meus olhos quando ele passava. Eles precisavam de o ver… e o meu coração também…E ai, então, percebi: ainda o quero, ainda o quero muito!
Hoje aprendi, aprendi que posso continuar contemplá-lo todos os dias sem esperar que me sorria. Posso ser feliz assim. Temos que aprender a amar sem esperar que o outro nos ame. Temos que conseguir ser felizes assim. Temos que conseguir ter coragem para amar mais do que um príncipe, temos que ter capacidade para amar mais do que uma pessoa.
(Assim fica por terminar a história do meu amor, que também ainda não terminou.)